Fazer ‘cara de paisagem’ evita brigas no trânsito, dizem especialistas
G1 – Por Luísa Brito
Não xingue, não ameace, nem faça gestos impróprios recomendam especialistas.
Nunca persiga um motorista que lhe provocou ou bateu no seu carro e fugiu.
Não xingue, não ameace, nem faça gestos impróprios quando estiver irritado com outro motorista ou passageiro no trânsito. Esses deveriam ser os três mandamentos básicos das pessoas que circulam pelas vias de São Paulo, segundo especialistas em segurança entrevistados pelo G1.
“Faça cara de paisagem [ao ser provocado]”, recomenda o especialista em segurança, coronel José Vicente da Silva Filho para evitar brigas no trânsito. Segundo ele, uma simples briga em meio a um congestionamento pode acabar numa agressão física grave ou até mesmo em morte, caso uma das partes esteja armada. “A gente nunca sabe quem é o outro indivíduo e as coisas sempre evoluem para o pior”, diz.
Nem a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) nem a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) possuem dados sobre número de brigas no trânsito.
Para Jorge Lordello, especialista em segurança e delegado de polícia licenciado, as pessoas devem pensar que na maioria das vezes o problema é causado sem intenção, por descuido ou imprudência do outro motorista. “Uma fechada pode ser um erro no trânsito e não algo feito para prejudicar”, afirma. Lordello indica ao motorista que jamais acelere o carro para provocar ou tirar satisfação de alguém que supostamente o afetou. “Se a pessoa vai atrás de você, feche o vidro e siga em frente, não dê atenção”, recomenda.
“[O problema é que] as pessoas se sentem proprietárias do espaço que estão ocupando no trânsito”, diagnostica o porta-voz do Comando de Policiamento da Capital, tenente Emerson Massera. Ele já atuou em casos de brigas no trânsito, inclusive numa ocorrida no mês passado em frente ao quartel onde trabalha e que foi registrada por um fotógrafo do Jornal da Tarde.
Masserra recomenda aos motoristas que cometem algum erro no trânsito, que peçam desculpas ao serem ofendidos pela pessoa prejudicada. “Quando um xinga e o outro pede desculpa, o que xingou se sente mal”, diz.
De acordo com o tenente, em geral, as pessoas que se envolvem nesse tipo de ocorrência estão sob estresse e acabam se alterando nestes momentos, mas na maioria dos casos não são pessoas agressivas. O G1 tentou entrevistar os dois homens envolvidos na briga registrada pelo fotógrafo, mas nenhum deles quis falar sobre o assunto. Segundo o tenente, caso a polícia não houvesse intercedido, o rapaz de branco poderia ter ferimentos graves.
Os especialistas são unânimes em afirmar que a buzina também é motivo de confusão no trânsito, pois as pessoas costumam usar o dispositivo para apressar motoristas e pedestres ou até mesmo para provocar o outro. “Ela funciona como se fosse um palavrão e pode provocar a ira dos outros. Buzina só deve ser usada para evitar situação de perigo no trânsito. Ela não resolve nada quando o trânsito está parado”, diz Lordello.
» Acidentes
No caso de acidentes de trânsito, os nervos ficam mais aflorados e a possibilidade de haver discussões é maior. Para evitar isso, o motorista deve manter a calma e tentar tranqüilizar o outro, caso ele esteja nervoso, aconselham pessoas do setor.
Segundo os especialistas, o ideal é que as pessoas envolvidas troquem telefone, registrem a ocorrência e deixem para discutir às questões burocráticas referentes à batida no dia seguinte, quando o nervosismo do momento da colisão já tiver passado.
Quando ocorre de um dos envolvidos fugir do local, o melhor é não ir atrás. “Nunca se deve perseguir o outro. Você não conhece aquela pessoa, não sabe se ela está armado”, recomenda o coronel Silva Filho.
Lordello diz que o ideal é anotar tudo o que for possível sobre o outro carro, por exemplo placa, cor modelo e depois ir até uma delegacia registrar a ocorrência. “Depois você pode cobrar o prejuízo no juizado de pequenas causas”, explica.