Lição para síndicos: quem quer fazer tudo, acaba não fazendo nada
Tem um ditado popular que bem exemplifica um tipo muito comum de dificuldade encontrada em condomínios residenciais: “Em busca do ótimo, tem gente que deixa de fazer o bom”. Em recente palestra que ministrei para síndicos, ficou claro que grande parte deles não consegue implementar bom nível de segurança condominial nos prédios que administram, mesmo sendo premente a necessidade de investimentos em equipamentos físicos e eletrônicos e de implementação de novas normas e procedimentos internos.
A conclusão é uma só: muita discussão e bate-boca e pouca efetividade.
É por demais importante ter um Raio X geral das vulnerabilidades do condomínio e em seguida encontrar as melhores soluções em segurança. Mas a roda da efetividade, ou seja, a implantação começa a travar, basicamente, por dois motivos:
1) Discussão e polêmica quanto a detalhes secundários em detrimento das prioridades
2) Intenção de implementação total e imediata dos itens planejados sem devido suporte de planejamento financeiro
Imagine a seguinte situação:
O condomínio nunca deu importância à segurança, sempre priorizou outras áreas. De repente, o problema da insegurança surge e com isso o alvoroço é geral.
Moradores cobram do administrador imediatas melhorias na segurança. O problema é que a pressa e a ansiosidade são inimigas da racionalidade. Qualquer tipo de implantação deve respeitar uma série de fases e respeitar o fluxo de caixa.
Uma pessoa obesa, que está 35 quilos acima do peso, não chegará ao peso ideal com saúde em sessenta dias. Outro ponto a ser observado, é que se deve começar a dieta sob orientação de profissional gabaritado. Os detalhes e aprimoramentos serão resolvidos no decorrer do tempo, no momento em que o processo de perda de peso começar.
Perder tempo com questões de somenos importância sem iniciar efetivamente a mudança de hábitos alimentares, é protelar ou sabotar, mesmo que inconscientemente, o projeto como um todo.
Portanto, síndicos e administradores não podem cair na armadilha muito comum em edifícios residenciais quanto a pressão por soluções instantâneas e mágicas.
Mais importante que a velocidade, é a direção.
Quem pratica corrida sabe que sair acelerando feito um louco no início de uma prova não é a melhor estratégia, pois com toda certeza, o apressadinho acabará a prova nas últimas colocações. Aquele que correu com mais sabedoria, guardando energia, terá mais chance de subir ao pódio.
Dessa forma, passo o roteiro padrão para síndicos que desejam melhorar sobremaneira o nível de segurança de seus condomínios visando minimizar risco de abordagem criminosa:
1) Contratação de analista de risco/consultor de segurança para realizar levantamento de todas as vulnerabilidades e falhas no edifício e com base nisso criar soluções de segurança adequadas ao local;
2) Discussão do trabalho com o corpo diretivo para estabecer, em razão das peculiaridades do condomínio, os itens com chance de aprovação em assembleia e os que gerariam polêmicas infindáveis e portanto devem ser postergados;
3) O próximo passo é buscar orçamentos com empresas que apresentem condições técnicas de prestar serviço de qualidade e manutenção preventiva e corretiva, quando se fizer necessário;
4) Realização de Assembleia com moradores para explanação técnica do projeto de segurança realizado e esclarecimento de todas as dúvidas;
5) Apresentação do rol de prioridades nas diversas etapas de implantação;
6) Apresentação dos orçamentos;
7) Votação.
Síndicos, lembrem-se do velho jargão popular:
“Quem quer fazer tudo, acaba não fazendo nada”.
JORGE LORDELLO
Pioneiro em Palestras “in company” sobre Segurança Pessoal e Patrimonial
Especialista em Segurança Pública e Privada
Palestrante e Conferencista
Escritor Internacional e Articulista com mais de 2500 artigos publicados
Pesquisador Criminal
Conhecida na mídia como “Doutor Segurança”
www.lordellotreinamento.com.br
jlordello@uol.com.br