Em uma cidade violenta, é possível evitar ser assaltado ou é um fato que em determinado momento vai acabar acontecendo?
Antes de responder a essa pergunta chave, é importante dizer que a maioria esmagadora da população brasileira tem muita preocupação quanto a marginalidade, mas existe um contrassenso enorme nesse sentido, pois em seu cotidiano, as pessoas ficam totalmente desligadas e, consequentemente, sujeitas a situações de perigo constante.
Mas quais os perigos que podemos enfrentar?
A resposta é esclarecedora:
Depende muito mais de nossa postura do que a ação propriamente dita do criminoso!
Bandidos que perambulam pelas ruas de carro, moto ou a pé não possuem vítimas pré-determinadas. A escolha da pessoa a ser assaltada não ocorre por acaso e nem é feita de forma aleatória.
O criminoso tem o desejo e a vontade de roubar alguém. A escolha do alvo se baseia na postura dos candidatos a vítimas da ocasião. É muito fácil perceber se alguém na rua está distraído, preocupado, embriagado, namorando, papeando, enfim, relaxado com a segurança.
Portanto, a primeira tarefa do marginal é perceber se o possível alvo está atendo ou não quanto a segurança pessoal.
Rapidamente, o bandido parte para a segunda análise, que é verificar o ambiente, ou seja, se está passando algum policial, se tem agente da polícia à paisana por perto, se a provável vítima está acompanhada ou não e qual rota de fuga seguir após o roubo concretizado.
Todas essas preocupações são filtradas na mente do criminoso em poucos segundos. Chamo isso de análise de risco. É claro que se o agente criminoso estiver sob efeito de substância entorpecente, o nível de análise diminui, mas alguns detalhes sempre influenciarão na tomada de decisão:
Assalto ou não assalto essa pessoa?
Depois dessa introdução, vou retornar à pergunta inicial:
É possível evitar ser assaltado?
A resposta correta é: Depende.
Depende do nível de atenção das pessoas no tocante a segurança pessoal e das medidas efetivas que estão sendo tomadas no momento.
São essas medidas de ordem preventiva que podem desencorajar o criminoso ou fazer com que não identifique uma potencial vítima.
Caro leitor, é preciso assumir essa responsabilidade na rotina diária. O perigo pode estar em qualquer lugar, mesmo dentro de um shopping ou restaurante em bairro nobre. A conscientização dessa possibilidade ativa ferramentas de defesa pessoal que diminuem os riscos.
Essa decisão não pode ser transferida para ninguém, muito menos para as forças policiais.
Temos que assumir responsabilidade em relação a autoproteção, evitando, para tanto, comportamentos considerados inseguros e assumir atitudes que funcionam como proteção contra a violência urbana.
No momento em que não ofertamos a “oportunidade”, que tanto os marginais de rua desejam, ficamos despercebidos a seus olhos.
Essa “oportunidade” que o bandido tanto procura é oferecida pelo “comportamento inseguro” da pessoa escolhida para ser vítima.
Mas não duvido que alguém ao ler este artigo tenha o seguinte pensamento:
“Poxa Lordello, não exagera. Nunca fui assaltado, portanto, não preciso mudar meus hábitos”.
Definitivamente esse não é um bom pensamento para a segurança pessoal.
O fato de uma pessoa não estar doente, não quer dizer que tenha plena saúde.
Na mesma esteira de raciocínio, podemos dizer que o fato de alguém nunca ter sido vítima de assalto não pressupõe que seja uma pessoa super segura.
É muito comum síndicos de prédios antigos negarem investimentos em segurança alegando que o local nunca foi invadido, embora os moradores saibam que a segurança no controle de acesso de pessoas e veículos é frágil.
Não adianta torcer ou rezar para não ser assaltado.
Não adianta jogar toda a responsabilidade nas costas das forças policiais, pois em nenhum lugar do mundo é possível manter um profissional de segurança pública em cada esquina.
O problema em relação à violência urbana no Brasil é gravíssimo.
É óbvio que o governo, em todas as esferas (municipal, estadual e federal), deve fazer sua parte para promover nível de segurança aceitável!
Mas enquanto não contamos com essa realidade, que parece estar bem longe de se concretizar, é imprescindível que cada um de nós aja de forma proativa quanto a segurança no cotidiano.
Não menos importante, é disseminar essa cultura da autoproteção para familiares e amigos.
JORGE LORDELLO
Pioneiro em Palestras “in company” sobre Segurança Pessoal e Patrimonial
Especialista em Segurança Pública e Privada
Palestrante e Conferencista
Escritor Internacional e Articulista com mais de 2500 artigos publicados
Pesquisador Criminal
Conhecida na mídia como “Doutor Segurança”
www.lordellotreinamento.com.br
jlordello@uol.com.br