Democratização do seqüestro
A década de 80 foi marcada pelo surgimento do crime de seqüestro no Brasil, praticado por profissionais que tinham como alvo pessoas ilustres e bem posicionadas financeiramente. Os casos mais famosos foram o do publicitário Luiz Salles, o do empresário Abílio Diniz e o do sócio da Artplan Publicidade, Roberto Medina.
Naquela época o número de seqüestros era pequeno, mas o valor do resgate, extremamente alto. O clima era propíicio para essa prática criminosa pois o empresariado brasileiro não tinha preocupação alguma em manter esquemas de segurança e a polícia não estava preparada para agir contra esse nova modalidade criminosa.
Nos anos 90 registrou-se uma mudança brusca do perfil do seqüestrado e atualmente temos os seguintes dados:
· 53% empresários e executivos
· 29% filhos e esposas
· 15% comerciantes
· 2% políticos
· 1% médicos
Com isso, a indústria do seqüestro se instalou em vários estados, principalmente São Paulo, gerando uma verdadeira banalização desse crime. O número de seqüestro aumentou e o valor do resgate diminuiu consideravelmente.
O dono de uma rede de postos de gasolina, após participar de meu curso anti-seqüestro, resolveu deixar o veículo importado de luxo para ser usado somente nos fins de semana e para viajar. Na sua rotina de trabalho recomendei o uso de carro menos atraente. Após duas semanas ele me ligou contando que quando dirigia seu automóvel luxuoso tinha sempre a impressão de que todos ao seu redor estavam olhando para ele e concluiu: “Agora que estou com um carro mais discreto percebo claramente que passo despercebido de todos e por isso me sinto mais seguro”.
Os seqüestros feitos por profissionais, em sua maioria, se deram com vítimas que possuíam rotina extremamente rígida no tocante ao caminho casa/trabalho e trabalho/casa. Algumas dicas são importantes:
1) Não seja rígido nos seus horários de saída e chagada em casa e no trabalho;
2) Tenha pelo menos três percursos distintos para ir trabalhar e três diferentes para voltar para casa;
3) Procure não trafegar em ruas estreitas, de mão única, com pouco fluxo de carros;
4) Prefira ruas de trânsito rápido, marginais, grandes avenidas de mão dupla, com movimento médio ou intenso de veículos;
5) Trafegar com várias pessoas dento do carro é fator inibitório de seqüestro. Estimule seu filho a sair em grupo no mesmo carro;
6) Outra opção importante é a blindagem de veículos. Mais de 14 mil carros blindados circulam pelo país. Pena que a maioria da população não possa adquirir esse excelente equipamento de segurança. Além do futebol, o Brasil é o campeão de carros blindados do mundo, superando México e Colômbia. Infelizmente o crime de seqüestro foi “democratizado” pelos próprios marginais, pois antigamente, ficar como refém, e ter que pagar resgate era coisa de rico. Hoje, temos conhecimento de seqüestros com preço de resgate com valor inferior a R$ 5.000,00. Por isso, é importante que todos fiquem atentos. Mas uma pergunta fica no ar: “De quem é a culpa de toda essa insegurança?”
Dr. JORGE LORDELLO
Escritor Internacional
Pesquisador Criminal
Palestrante e Conferencista
Delegado de Polícia Licenciado
Consultor de Segurança
Apresentador do Programa Proteja-se
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