Cuidado com as fraudes
Revista Lojas e Lojistas
Por: Dionisio Alexandrini Neto
Atrair clientes, fechar boas vendas, investir no layout da loja… De fato tudo isso é essencial na vida de um comerciante. No entanto, alguns deles pecam – e pecam feio – ao não se atentarem devidamente a outro aspecto tão relevante quanto contar com clientes na loja ou atingir uma meta satisfatória de vendas: segurança.
O delegado Jorge Lordello, especialista no assunto e criador do site www.tudosobreseguranca.com.br , é um dos que fazem questão de enfatizar, sempre que possível, a necessidade constante do investimento em segurança para quem administra uma empresa no varejo. Ele alerta que isso é tão importante para um lojista quanto a garantia de uma margem alta de lucros nos negócios, uma vez que sempre há um ‘espertinho’ interessado em tirar proveito do que é do outro. E, no varejo, isso é o que não falta.
Fraude interna e externa
Existem dois tipos de fraudes: a externa e a interna. A interna é aquela cometida pelos próprios funcionários. Principalmente nas pequenas e médias empresas. Lordello explica: “Há a ação que costumo chamar de ‘goteira de uma torneira que fica pingando sem parar’, ou seja, aquele funcionário que subtrai um pouco todo dia e que, no final do mês, acarreta num prejuízo grande para o lojista. Diversos empresários lutam para obter mais ganhos, mas não dão a atenção devida para fechar essas torneiras”.
A fraude externa pode ser cometida pelo prestador de serviço, pelo vendedor, pelo cliente ou por falsos fiscais. “Em alguns casos elas estão interligadas, como na participação de golpes cometidos por fraudadores externos que contam com a ajuda e participação dos próprios funcionários da empresa. Por isso é importante que as empresas adotem planos de prevenção de fraudes internas e externas.
Sem falar nos equipamentos de segurança, como câmeras e dispositivos sonoros contra roubos, que são fatores de inibição dessas ações”, orienta o especialista.
Treinamento interno
O treinamento de funcionários é importante para evitar fraudes e, de acordo com Lordello, certamente as empresas devem proporcionar cursos de aperfeiçoamentos para que os funcionários detectem o golpista e saibam como proceder quando perceberem essas fraudes. “Em alguns casos, fica evidente a pura inocência do funcionário e falta de orientação, que contribui para que seja ludibriado por essas pessoas que agem de má fé. É importante dizer que o comerciante pode minimizar esses riscos no momento da contratação de pessoas que irão trabalhar no seu empreendimento. Além da capacitação, é importante que o lojista se atente a idoneidade dessas pessoas, seja através da área interna de recursos humanos ou pela empresa que presta esse serviço. Infelizmente, a pressa na contratação normalmente faz com que a empresa verifique mais o lado da capacidade profissional e não o lado da integridade dos candidatos”.
Cédulas falsas
Dentre as fraudes sofridas pelo comerciante, está a movimentação de dinheiro falso. De acordo com dados do Banco Central, cerca de 60% das cédulas falsas não têm a marca d’água. Ou seja, é possível amenizar e se proteger disso através de averiguações rápidas dos itens de segurança do dinheiro.
Passar o dedo sobre a nota é um deles, onde o comerciante deve sentir que o papel é mais áspero que o papel comum. Outra forma para certificar-se da autenticidade da nota é passar o dedo ou a unha sobre o a região do rosto impresso em todas as cédulas (na parte entre o olho esquerdo, nariz e boca). Na verdadeira, é possível perceber que a tinta é mais grossa, numa espécie de alto-relevo.
Solicitação de documento
Qual é o documento mais confiável a se solicitar ao consumidor?
A cédula de identidade (RG) é emitida por cada Estado e a maioria tem a foto colada. Por exemplo, na cidade de São Paulo, os novos modelos possuem a foto escaneada, o que os torna mais seguros, no entanto, a maioria das pessoas ainda transporta os modelos antigos (que possuem a foto colada, propícia a adulterações, já que pode ser facilmente substituída). Segundo Lordello, o primeiro documento que o lojista deve solicitar ao consumidor deve ser a CNH (Carteira Nacional de Habilitação), por ser mais difícil de ser adulterado e, portanto, mais confiável: “Caso a pessoa não porte a CNH, peça o RG juntamente com o CPF. Mas atenção: jamais aceite documentos xerocopiados”. A proprietária do estabelecimento Mania D´Casa Decorações, Nice Simões, conta o que faz para não cair nas garras dos golpistas: “Aqui na minha loja nós aceitamos cheques, mas com uma prévia consulta. Além disso, o consumidor precisa portar os devidos documentos; caso contrário, não há negociação. Mesmo dessa forma, ela diz que já foi vítima da má fé de algumas pessoas. “Um caso mais recente foi de uma mulher que entrou na loja com uma criança de colo e, após escolher o produto, alegou que era casada e pagaria com o cheque do marido. Apresentou os documentos dele e até a certidão de casamento. Vendemos. No entanto, o cheque não foi compensado e voltou. Entramos em contato e tudo correspondia ao que ela havia dito, menos o fato de que ela não se responsabilizava pela compra, pois tinha se separado do marido e, portanto, era ele quem tinha que assumir a dívida. Tentamos por diversas vezes contatá-lo e, quando conseguimos, o mesmo explicou que já havia se separado há tempos da esposa e que ela ‘saiu gastando’ no nome dele em tudo que era loja. Resumindo: ficamos no prejuízo”, lamenta Nice.
Cartões – Nas vendas com cartões de crédito, o lojista consegue evitar negociações com cartões clonados até de forma simples, basta conferir o nome impresso nele e no que aparece no boleto.
“É importante dizer que é impossível ‘copiar’ os cartões. A clonagem é feita pela cópia dos dados eletrônicos da tarja magnética, que são transportados para outro cartão. Ou seja, o nome que aparecerá no comprovante de pagamento emitido pela máquina de cartões não será o mesmo descrito no cartão. Daí a importância da pessoa que fica no caixa, adotar essa prática de observação”, conclui Lordello.
Registrar ocorrência?
Os comerciantes, vítimas desses golpes, se perguntam se é preciso registrar boletim de ocorrência. O especialista em segurança explica que sim e faz um alerta: “Em muitos casos, os lojistas não o fazem porque as fraudes são de pequeno valor, só que isso fomenta a criminalidade, na medida em que favorece a ação dos criminosos. O registro do boletim de ocorrência é importante, pois a polícia irá instaurar um processo investigatório, onde os próprios funcionários serão ouvidos como testemunhas. Caso alguém da empresa esteja envolvido, a ida à delegacia, por si só, causará um certo temor. Portanto, se o comerciante, vítima de tais ações fraudulentas, não registrar a ocorrência, irá favorecer o descrédito e desinteresse também dos próprios funcionários”.
Fraudes virtuais
De acordo com especialistas, qualquer operação eletrônica, como o Internet Bank , abre margem ao estelionatário. No entanto, vale lembrar que onde tiver um meio de pagamento, haverá pessoas de má índole que tentarão burlar esses sistemas. Pesquisa da Symantec, empresa especializada em segurança de sistemas, apontou que 30% das pequenas e medias empresas brasileiras não possuem qualquer programa (antivírus) para proteger seus computadores.