Querem transformar o “pequeno” traficante num coitadinho injustiçado pela polícia
LORDELLO É CONTRA E EXPÕE SUAS RAZÕES!
Tenho participado de diversos debates sobre o assunto drogas, onde, não raro, me deparo com pessoas que são contra a prisão do chamado “pequeno traficante” e defendem a legalização do uso de entorpecentes ilícitos. Como, no meu entendimento, apresentam argumentos infundados, resolvi, através deste artigo, desmascarar algumas crenças que rondam a internet e desinformam o brasileiro.
1) A polícia só prende o pequeno traficante na biqueira, por isso o problema das drogas não é resolvido no Brasil.
Essa informação não é verdadeira!
Em 2017, a Polícia Federal apreendeu, só nos aeroportos, quase 5 toneladas de droga pura; o dobro que em 2016.
Mais de 11 toneladas de drogas foram apreendidas em 2017 no Rio Grande do Sul.
Sete toneladas de drogas foram apreendidas no Ceará em 2017, a maior quantidade registrada desde 2013.
Mais de 7,2 toneladas de drogas foram apreendidas em 2017 no Estado do Maranhão.
As polícias estaduais amazonenses bateram recorde de apreensão de drogas, chegando a 17 toneladas, maior quantidade de drogas nos últimos 12 anos.
53 toneladas de drogas foram apreendidas no Paraná no ano passado.
SP: delegacias guardam 49 toneladas de drogas para serem queimadas.
No MT quantidade de drogas apreendidas no Estado aumentou 300%.
A venda de drogas foi disseminada, pois, infelizmente, a massa consumidora brasileira é uma das maiores do mundo. É óbvio, que quando se tem muita gente desejando consumir um produto legal ou ilegal, vai ter na outra ponta muitas organizações desejando ganhar com esse mercado.
2) A polícia prende usuário de drogas como traficante!
Essa informação é mentirosa!
É muito fácil o policial distinguir jovem que está usando maconha ou outro tipo de droga em relação àquele que está preparado para a venda.
No programa Operação de Risco, que apresento na RedeTV todos os sábados às 22h15, mostramos nos últimos anos centenas de abordagens feitas pelas polícias e guardas municipais em diversas partes do Brasil, onde menores e maiores de idade são abordados de surpresa em biqueiras, geralmente, nas regiões periféricas das cidades, no horário noturno e madrugada. Com essas pessoas são apreendidas pequenas porções de drogas, cerca de 15 a 30 unidades e, geralmente, quantia em dinheiro produto de venda. Com o uso de cães farejadores, os policiais conseguem localizar nas proximidades do local da detenção mais substâncias entorpecentes prontas para venda. 90 a 95% das detenções que filmamos, resulta que os suspeitos confessam o tráfico, contam quanto ganham por dia e outros detalhes referentes à venda.
3) O Pequeno traficante vende drogas somente para sustentar seu vício.
Tentam vítimizar quem vende drogas na biqueira, como se fosse um coitadinho, o que discordo frontalmente.
Essa falácia que bandido no Brasil é vítima da sociedade ou das drogas, já cansou e não cola mais. Traficantes que disseminam a venda para o consumidor final, relatam que faturam de R$ 150,00 a R$ 500,00 por dia, dependendo da localidade, ou seja, objetivam o lucro fácil. Eles não querem encarar emprego simples, ganhar 01 salário mínimo por mês, levantar cedo todo dia, encarar chefe mal humorado e pegar mais de duas horas de condução. Com o dinheiro da venda de drogas, compram roupas e tênis de grife, adquirem motos e carros roubados, ou seja, executam uma atividade comercial ilícita visando auferir vantagem econômica.
4) O pequeno traficante não deve ser preso pois na cadeia vai se corromper mais ainda e se graduar no mundo do crime.
Jovens que aderiram à venda diária de drogas, abandonaram os estudos e não procuram emprego. Já estão em caminho tortuoso e a tendência é se envolver ainda mais com o mundo do crime.
Na verdade, fazem parte de uma organização criminosa, com regras e normas a serem cumpridas. O leitor deve compreender, que o vendedor de drogas na biqueira não exerce um trabalho autônomo e sim faz parte de uma cadeia criminosa.
A juíza criminal Patrícia Alvarez Cruz, Corregedora do Departamento de Inquéritos Policiais de São Paulo (DIPO), órgão responsável pelas audiências de custódia, foi indagada, recentemente, em entrevista à Folha de São Paulo, se o pequeno traficante deve ser tratado com rigor.
A resposta dela é esclarecedora:
“Todo traficante deve ser tratado com rigor. Todo traficante, por menor que seja, trabalha direta ou indiretamente para o PCC, já que toda droga vendida no Estado é distribuída pela facção. Sem ele, toda a estrutura criminosa deixaria de existir. Além disso, o fato de portar pouca droga não caracteriza que seja pequeno. Nenhum traficante carrega toda a droga que vai vender. Na prática, vemos que eles mantém consigo pouca quantidade, justamente por saber dos benefícios que isso vai lhes trazer caso sejam presos.
Muitos vídeos circulam pelo WhatsApp mostrando traficantes punindo com a morte vendedores que deixaram de pagar pela droga recebida ou que se aventuraram também na esfera do roubo, furto ou estupro na comunidade onde residem. Portanto, o jovem quando começa a participar de grupo criminoso, irá se envolver cada vez mais, estando fora ou dentro de presídios, galgando postos e cargos, desejando sempre auferir mais lucro e status social no meio em que vive.
5) O pequeno traficante é um coitado que não teve oportunidades na vida.
Com essa retórica, defensores da liberação das drogas induzem a acreditar que essas pessoas não tiveram outra escolha na vida.
Será que isso é verdade?
Creio que não!
Não é porque a pessoa nasceu em uma comunidade carente, que estará sentenciada a ser criminosa. A avassaladora maioria dos que moram em favelas é de gente honesta.
No programa Operação de Risco, após detenção de traficantes em biqueiras, é comum a polícia procurar seus pais para cientificar-lhes do ocorrido. Entrevistamos centenas de familiares dos chamados “pequenos traficantes” e, basicamente, informaram nunca ter faltado nada para eles e que os demais irmãos estão estudando e trabalhando com a finalidade de vencer na vida honestamente. Com essas declarações, fica claro que na maioria dos casos o jovem tomou a decisão de participar da venda de drogas por vontade própria, mostrando índole duvidosa inclinada para a prática de atividades ilícitas. Quem nunca ouviu o termo “ovelha negra” da família.
Ele não busca subsistência, pois isso sua família oferece, busca vantagem econômica. É movido pela ganância do lucro fácil, prazer, emoção e status social na sua comunidade. As facções criminosas instaladas no Brasil ganham dinheiro com a venda de drogas. O mercado é bilionário; a estimativa é de movimentação financeira em torno de 16 bilhões de reais anualmente. Todo esse dinheiro é arrecado aos poucos, como num conta gotas. Na ponta desse negócio ilícito lucrativo encontramos o vendedor. É ele quem organiza seu ponto, se relaciona com os clientes, produz o marketing, organiza tabela de produtos vendidos, tem horário para cumprir, usa várias estratégias para escapar da polícia e ao final do expediente repassa o arrecadado ao gerente, que lhe separa a comissão diária.
O departamento de vendas sempre é valorizado numa organização, pois sem vendas, não tem negócio.
Portanto, o vendedor de drogas da biqueira é figura extremamente importante; é ele que concretiza o negócio e dá lucro ao patrão. Existe uma corrente no Brasil que batalha ferrenhamente para a descriminalização do usuário de drogas, mas na cadeia do tráfico, quem financia as drogas? É o consumidor, que durante várias vezes na semana procura o “pequeno” traficante para satisfazer seu vício.
A conclusão é que todos os envolvidos colaboram de alguma forma para a manutenção desse círculo vicioso criminoso.
JORGE LORDELLO
Pioneiro em Palestras “in company” sobre Segurança Pessoal e Patrimonial
Especialista em Segurança Pública e Privada
Palestrante e Conferencista
Escritor Internacional e Articulista com mais de 2500 artigos publicados
Pesquisador Criminal
Conhecida na mídia como “Doutor Segurança”
www.lordellotreinamento.com.br
jlordello@uol.com.br