Condomínios – tentar minimizar risco de assalto apenas adquirindo equipamentos pode gerar despesa sem garantia de obter segurança
Quando um síndico de prédio ou gerente de empresa solicita a presença de representante de uma empresa especializada em instalação de artigos para CFTV, está desejando comprar o quê?
a) Produto de Segurança Eletrônica
b) Solução visando aumentar nível de segurança
Se o leitor respondeu a resposta “A”, está redondamente enganado.
A intenção do tomador do serviço é solucionar vulnerabilidades, minimizar riscos e trazer aumento real de segurança para o local que administra.
Reflita sobre a seguinte máxima na segurança patrimonial:
Segurança não se restringe a produto e sim a solução!
O equipamento por si só agrega muito pouco se não estiver atrelado a um projeto de segurança que analise holisticamente o local a ser protegido.
Um amigo síndico de condomínio de classe média-alta me telefonou dizendo que estava para contratar empresa para instalar 24 câmeras e que assim iria satisfazer a vontade da maioria dos moradores.
Imediatamente perguntei:
“Você está comprando câmeras ou uma solução para a segurança do edifício?”
Ele respondeu sem pestanejar:
“Lordello, estou adquirindo as duas coisas”.
Resolvi replicar:
“Será? Você tem certeza disso?”
Ele respondeu afirmativamente e com convicção. Assim, resolvi aprofundar o assunto com várias indagações:
“O vendedor esteve no seu condomínio? Ele tirou fotos? Conversou com o porteiro e o zelador? Como foi o trabalho dele para chegar à conclusão que seu prédio necessita de 24 câmeras? ”
O síndico deu a seguinte explicação:
“O rapaz da empresa que instala câmeras de segurança esteve no condomínio, passeou pelas dependências por cerca de 30 minutos e foi embora. No dia seguinte me mandou o orçamento”.
Minha conclusão deixou-o preocupado:
“O representante da empresa está vendendo equipamentos de segurança mas não vai entregar a segurança tão desejada por todos os moradores”.
Em 2018, de janeiro a abril, 1300 condomínios foram invadidos por bandidos em São Paulo. No mesmo período em 2017 as estatísticas apontam 832 crimes, ou seja, o aumento foi de 56%.
Posso garantir ao leitor que a maioria desses prédios invadidos tinha várias câmeras de segurança instaladas e mesmo assim os crimes ocorreram. Reforçando o objetivo deste artigo, insisti na seguinte afirmativa:
“A instalação de equipamentos de segurança em condomínios, lojas e empresas, sem estudo prévio, pode não trazer o nível de segurança desejado pelo comprador”.
Um dos poucos ramos que conseguiu manter ou até aumentar as vendas foi o de produtos e serviços da área de segurança privada. Minha experiência como estudioso e pesquisador criminal aponta que síndicos em geral aumentaram os investimentos em segurança mesmo em tempo de crise econômica; tanto é verdade, que a maior fatia da despesa condominial é nessa área.
Então, por que o número de invasões não diminuiu se os condomínios, “aparentemente”, estão mais seguros? ”.
A resposta é bastante simples.
O trato com segurança patrimonial ainda é feito de forma amadora; geralmente não há estudo, análise de risco e o necessário projeto técnico.
Portanto, síndicos, administradores e gerentes de condomínios residenciais e comerciais, como também empresas, fábricas e comércio em geral, precisam de uma consultoria de segurança antes de pensar em quais produtos de segurança física ou eletrônica adquirir.
Outro ponto fundamental, é que o profissional que for realizar a análise de risco não esteja atrelado à empresa que vai vender ou fornecer os produtos ou serviços de segurança.
JORGE LORDELLO
Pioneiro em Palestras “in company” sobre Segurança Pessoal e Patrimonial
Especialista em Segurança Pública e Privada
Palestrante e Conferencista
Escritor Internacional e Articulista com mais de 2500 artigos publicados
Pesquisador Criminal
Conhecida na mídia como “Doutor Segurança”
www.lordellotreinamento.com.br
jlordello@uol.com.br