Cliente desatento ao usar cartão magnético pode amargar sérios prejuízos financeiros
No último domingo eu estava na fila do caixa de um restaurante quando observei dois clientes na minha frente com total desatenção em relação à segurança no uso de seus cartões magnéticos. Reflita sobre a atuação de cada um deles:
1) Um homem retira da carteira seu cartão de banco e entrega ao caixa, que totaliza os gastos e insere o “dinheiro de plástico” na máquina de débito. Ao mesmo tempo, o cliente verificava sem parar mensagens no aplicativo WhatsApp. O funcionário teve que alertá-lo para digitar a senha pessoal. Praticamente sem retirar os olhos da tela do smartphone, ele digita a senha, retira o cartão e deixa o estabelecimento sem nenhuma conferência do pagamento efetuado.
PROBLEMAS IDENTIFICADOS:
-o cliente não conferiu o valor das despesas efetuadas no restaurante
-o cliente não verificou se o valor digitado pelo caixa na máquina de débito foi realmente o correto
-o cliente não exigiu nota fiscal e nem o comprovante que pode ser emitido pela máquina que faz a cobrança
-o cliente digitou a senha na frente dos demais clientes e funcionário sem nenhuma preocupação de tampar o teclado, ou seja, todos que estavam ali poderiam descobrir a senha
2) O outro caso foi de uma mulher acompanhada de uma amiga, sendo que conversavam animadamente. O caixa apresenta a conta após fazer a soma dos gastos e a cliente retira da bolsa seu cartão de crédito e entrega ao funcionário, que o insere na máquina de débito e em seguida digita o valor da despesa a ser debitada. A mulher rapidamente digita a senha pessoal, mas faz de uma forma que qualquer pessoa por perto teria acesso à numeração. O caixa, ao devolver o cartão para a mulher, deixa-o cair no chão, mas rapidamente pega o “dinheiro de plástico” e entrega para a cliente, que vai embora batendo papo com a conhecida.
PROBLEMAS IDENTIFICADOS
-Além de repetir as atitudes inseguras praticadas pelo cliente anterior, a mulher não conferiu se o cartão de crédito entregue pelo funcionário era o dela. Ele poderia, de forma proposital, trocar por outro da mesma bandeira. Se isso aconteceu, e não raro acontece, o caixa, se tiver índole duvidosa, poderá realizar gastos com o cartão, pois teve todas as condições de identificar a senha digitada.
Alerto o leitor, que o funcionário do caixa poderia agir de forma fraudulenta visando obtenção de lucro, da seguinte forma:
a) Digitar valor superior a despesa efetuada pelos clientes
b) Anotar o número do cartão de banco e de crédito com os respectivos Códigos de Segurança, que são impressos no verso, e assim efetuar compras pela internet em nome dos clientes do restaurante
c) Fazer toda a operação com máquina de débito de outro estabelecimento e desviar o pagamento para outra empresa, fraudando, assim, o dono do estabelecimento em que trabalha
d) Após a operação na máquina de débito, entregar aos clientes cartões produto de crime, da mesma bandeira e com a senha das vítimas memorizadas efetuar gastos em outros estabelecimentos
Os clientes só iriam descobrir as fraudes com a chegada da próxima fatura ou em contato da operadora dos cartões, se desconfiassem de gastos excessivos.
Mas tem uma pergunta que não quer calar:
Quem vai ficar com o prejuízo financeiro?
Posso garantir que a maior probabilidade é de os clientes amargarem todo o prejuízo, pois as operadoras de cartões de crédito e os bancos têm se negado a ressarcir eventuais prejuízos quando concluem que a falha na segurança foi do cliente e não da empresa que emite e gerencia os cartões magnéticos.
Algumas vítimas, inconformadas com a decisão das operadoras, se socorrem à justiça tentando reaver o prejuízo, mas têm recebido negativas. Analisei diversas decisões judiciais onde os magistrados alegam que quando verificado que o desleixo ou negligência no uso do cartão de crédito ou de banco partiu do cliente, não cabe nenhum tipo de ressarcimento por parte da empresa que administra os cartões magnéticos.
Não podemos esquecer dos clientes de cartões que recebem telefonemas de criminosos se passando por responsáveis do setor de segurança de banco ou operadora de cartão de crédito e, ludibriados, passam senhas pessoais, entregando, assim, aos estelionatários, a “faca e o queijo” para sacarem dinheiro de forma criminosa. Também nesses casos as vítimas dificilmente são ressarcidas, pois conforme mencionado acima, a falha foi do cliente e não da empresa.
É importante ressaltar que as instituições financeiras não solicitam dados dos clientes por meio de cartas, ligações telefônicas ou mensagens via smartphone.
Portanto, quem cair no golpe não poderá alegar que desconhecia as regras do jogo.
Outra dica de segurança importante, é que o cliente jamais deve aceitar ajuda de estranhos ou usar telefone de terceiros para solucionar pendências ou problemas com as operadoras, pois poderá, com isso, ser vítima de golpe.
Cartões de crédito e de bancos devem ser usados de forma segura. Efetuar compras ou despesas em qualquer estabelecimento no mundo real ou virtual requer máxima atenção e cautela nos procedimentos indicados pelas operadoras. Ao efetuar pagamento com cartão magnético deixe o celular e bate-papo de lado. Concentre-se na operação financeira para não ter dor de cabeça e prejuízo financeiro depois.
JORGE LORDELLO
Pioneiro em Palestras “in company” sobre Segurança Pessoal e Patrimonial
Especialista em Segurança Pública e Privada
Palestrante e Conferencista
Escritor Internacional e Articulista com mais de 2500 artigos publicados
Pesquisador Criminal
Conhecida na mídia como “Doutor Segurança”
www.lordellotreinamento.com.br
jlordello@uol.com.br