Acertos e erros na segurança de prédios recém entregues

Recentemente, realizei pesquisa cujo foco foi analisar, nos condomínios entregues há menos de 2 anos, se as guaritas e portões de acesso de pedestres atendiam os requisitos quanto a questão segurança.

O resultado não foi satisfatório.

Em cada 10 prédios residenciais constatei que em pelo menos 5 haviam erros gravíssimos, principalmente em relação ao tamanho e posicionamento da portaria e disposição equivocada de portões de pedestres.

Em 3 deles haviam erros leves, que poderiam ser acertados com certa facilidade, sem necessidade de se mexer na área estrutural, o que sempre demanda investimento financeiro razoável.

Apenas 20% apresentaram projetos de segurança com bom nível, mas mesmo assim necessitando ainda de alguns pequenos ajustes.

Infelizmente, a maioria das construtoras não contrata profissionais da área de segurança patrimonial e arquitetônica para auxiliar na elaboração das plantas de novos edifícios. Se o fizessem, evitariam problemas e reclamações futuras de síndicos e moradores.

Já publiquei diversos artigos apontando os principais erros cometidos por engenheiros e arquitetos em condomínios residenciais quanto ao tema segurança arquitetônica. Agora é o momento de apontar os acertos; para tanto, escolhi como referência o prédio abaixo:

A localização da portaria está perfeita. O ideal é que a guarita fique como a da foto, rente à calçada, pois assim o porteiro tem o melhor ângulo da visão de quem passa na frente do condomínio. Se porventura observar alguma situação suspeita, deverá fazer o acionamento a polícia através do fone 190.

Projetos onde a guarita é recuada da calçada não permitem que o porteiro tenha plena visão do que está acontecendo na rua. Quanto maior for o recuo, maior será a perda de visão lateral.

Outro ponto positivo, é que os vidros da portaria são blindados e instalados em caixilhos de aço balístico. Algumas construtoras têm apoiado o vidro blindado diretamente na alvenaria. Em questão de meses pode ocorrer o trincamento dos vidros.

A instalação nos vidros blindados de película que não permite que pedestres tenham visão do interior da portaria é importante para a segurança.

Acertou o projetista quando estabeleceu duas entradas para pedestres; uma em cada lado da guarita. Observe que o morador poderá entrar e sair do edifício a pé sem ter contato físico com pessoas que não residem no local mas estão tentando, por algum motivo, obter autorização para entrar no prédio.

Na entrada específica para entregadores e prestadores de serviços, repare que foi instalado passa volume de aço balístico, através do qual poderá ser feito o recebimento de mercadorias de pequeno e médio porte e de documentos de identificação para cadastramento.

Já na área específica de entrada de moradores, o passa volume foi instalado na área interna da clausura, o que é absolutamente correto. Dessa forma, o condômino pode retirar mercadorias na portaria sem se expor do lado de fora do edifício.

Outro fato importante a se ressaltar, é que nas duas entradas foram criadas as chamadas “clausuras de pedestres”, que é a estratégia dos dois portões de acesso.

Por último, deixei para apontar o equívoco que foi cometido. Reparem que a porta blindada foi instalada lateralmente, na passagem da clausura de entrada para moradores. Ou seja, toda vez que essa porta for aberta, qualquer pessoa que estiver passando pela calçada terá acesso a essa informação. O ideal, é que a porta blindada seja instalada nos fundos da guarita, longe dos olhares de estranhos que circulam na calçada do edifício.

Com uma rápida consulta no Google, facilmente se verificará que muitos prédios com portaria blindada foram invadidos e sofreram o famigerado arrastão. O motivo é simples: nesses casos, bandidos tiveram a informação que a porta blindada da portaria era aberta a todo momento ou até permanecia aberta em determinado horário. Assim planejaram as invasões que tiveram sucesso.