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Dicas importantes segundo experiências vivenciadas.

Poder Público Arcaico X Criminalidade Visionária

Estava andando por uma rua no bairro de Perdizes/SP quando uma idosa que caminhava na minha frente prendeu o pé direito em uma pequena saliência na calçada e levou um tombo feio. Imediatamente me aproximei e perguntei à simpática senhora caída ao chão se estava bem, se tinha alguma dor intensa. Imaginei até a possibilidade de alguma fratura. Carinhosamente, ela pediu que eu a ajudasse a levantar. Então, para meu alívio, notei que nada de grave havia acontecido. Como ela estava indo a uma agência bancária, ajudei-a a atravessar a rua, pois percebi que encontrava-se um pouco atordoada.  

Enquanto eu e a senhora nos restabelecíamos do susto, aconteceu fato inesperado; um homem, aparentando cerca de 40 anos, caiu ao solo no mesmo local em que a idosa havia caído. Só que dessa vez a vítima urrava de dor. Fui em sua direção para acudi-lo. Ao me aproximar, percebi claramente que havia uma fratura no punho direito. Chorando, o acidentado solicitava um taxi para que fosse socorrido ao hospital mais próximo, situado a cerca de 150 metros. Por sorte, localizei rapidamente a condução e o ajudei a entrar no veículo. 

Como sou apaixonado por todas as questões que envolvem segurança, fiquei observando com mais atenção o local exato onde duas pessoas vieram a cair em menos de 10 minutos. Logo descobri que uma saliência no solo havia provocado os dois tombos. Enquanto eu estava no local, um vendedor ambulante, que tem barraca na calçada há poucos metros do ocorrido, resolveu contar sobre sua experiência naquela localidade. Disse que todos os dias cerca de 6 a 10 pessoas levam tombo naquele cruzamento, sendo que 2 pessoas diariamente têm algum tipo de fratura ou lesão grave e necessitam de socorro imediato. Espantado com o absurdo da situação, perguntei a ele há quanto tempo presenciava esses acidentes diários. A resposta foi assustadora: 

Olha, estou neste ponto tem 6 anos. Quando passei a trabalhar aqui, essa saliência no chão já existia e te garanto que tombos acontecem diariamente”.

A notícia me levou a fazer a seguinte conta: em média, 8 pessoas todo santo dia levam tombo naquele lugar e duas delas chegam a apresentar lesão que necessita de socorro médico urgente. Por mês, temos 240 tombos e 60 vítimas com lesões graves. No ano, naquele micro espaço, são gerados 2920 quedas e 730 pedestres vão direto ao Pronto Socorro. Nos 8 anos em que o ambulante presencia as quedas, devem ter acontecido 23.360 acidentes, sendo que 5.840 fraturaram algum osso. 

Lamentavelmente, nenhum órgão público detectou esse problema e por isso esses tombos vão continuar a acontecer por anos ou talvez décadas.

Um simples ajuste na calçada evitaria muita dor e sofrimento aos pedestres e traria brutal economia aos cofres públicos.

Caro leitor, essa esquina no bairro de Perdizes/SP, onde pedestres caem diariamente, é o retrato da ineficácia da maioria dos investimentos públicos em nosso país.

Extrapolando-se para a segurança pública e para a justiça, bilhões de reais são investidos anualmente pelos governos municipal, estadual e federal nessas áreas e os índices criminais só aumentam. As estatísticas policiais demonstram essa terrível realidade.

Definitivamente, essa conta não fecha. Não faz sentido aumentar ano a ano o volume de gastos e a população se sentir cada vez mais acuada dentro de casa com medo de assaltos em seu bairro.  

Mas por que isso acontece Lordello?

A resposta é simples!

Da mesma forma que uma saliência na calçada gera milhares de pessoas feridas e ninguém se propõe a corrigir, na segurança pública e justiça criminal acontece a mesma coisa.

Para provar a contundência e realidade da minha afirmação, proponho ao leitor um simples teste. Se você conhece algum policial, membro da justiça, ministério público, defensoria pública ou advogado criminalista, pergunte se o sistema policial e judiciário criminal funcionam a contento. 

A larga maioria vai falar sobre a ineficácia, lentidão, utilização de mecanismos arcaicos e ultrapassados, burocracia burra, disputa entre as categorias e tantas outras mazelas que se repetem diariamente nas últimas décadas. 

Do mesmo modo que um detalhe do piso da calçada da Rua Alfonso Bovero, na Zona Oeste/SP, não é corrigido, gerando, assim, milhares de acidentes, muita dor, sofrimento e gasto público incalculável para a área da saúde e previdência social, na área penal (polícia/justiça) acontece da mesma forma.

Os erros e deficiências estão escancarados. Só não vê quem não quer!

A verdade é que é muito mais simples e barato tratar a causa, que os efeitos.

Mas a décadas insistimos em gastar trilhões de reais, para apagar o fogo e não impedir que o incendio se prolifere.

Mas por que os verdadeiros problemas e entraves não são resolvidos?

A resposta encontra-se na raiz de países ainda subdesenvolvidos! É como a galinha e o ovo; o que veio primeiro? No caso em tela, o subdesenvolvimento provoca o problema ou o problema é provocado pelo subdesenvolvimento.

Precisamos, urgente, quebrar esse círculo vicioso!

Mas quando isso irá acontecer?

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