A conta da insegurança pública

Um Pastor observava tranquilo seu asno pastando em uma verde pradaria. De repente, ouviu ao longe os gritos do inimigo que se aproximava. Ele rogou ao animal para que corresse com ele na garupa o mais rápido que pudesse, a fim de que não fossem ambos capturados. O asno, com calma, falou:

“Por que eu deveria temer o inimigo? Você acha provável que coloque em mim, além dos dois cestos de carga que carrego, outros dois?”

O Pastor for sincero e disse:

“Não”.

Aí o animal continuou:

“Então, contanto que eu carregue os dois cestos que já possuo, que diferença faz a quem estou servindo?”

Quando o tema é segurança pública, a análise fria dos últimos 30 anos demonstra, com nitidez, que o Brasil não acertou a direção, muito pelo contrário, os índices criminais falam por si só, estão piorando e piorando!

Cada vez mais o brasileiro permanece trancado em casa, com grades, alarmes e câmeras de segurança.

O delivery veio para ajudar aqueles temerosos de assaltos e que não desejam mais sair à noite para jantar fora com a família ou ir ao cinema.

“Pra que arriscar?”, dizem muitos.

“Melhor ficar em casa; é mais seguro”.

Não podemos esquecer dos que deixaram de passear com seus cachorros nos finais das tardes, atitude saudável para o animal e para seu tutor, em decorrência do medo de ficar sem o celular ou pior, serem vítimas da quadrilha do pix. Muitas famílias, em busca de proteção, venderam suas casas e migraram para apartamentoso.

A criminalidade mudou a arquitetura de nosso país, e pelo jeito, vai mudar ainda mais nosso modo de viver.

Perdemos em competitividade mundial por causa da violência urbana e com isso deixamos de ganhar bilhões de dólares por ano, prejudicando, assim, o nível de empregos. Produtos são vendidos mais caros nas prateleiras por causa do custo da insegurança. Milhares de empresas quebraram no Brasil em razão da criminalidade. O poder público tem dificuldade de agir em conjunto e de forma integrada, enquanto os criminosos, cada vez mais, se aglutinam em facções e trabalham unidos para aumentar lucros e diminuir risco de prisão.

A conclusão é que a conta não está fechando para o cidadão honesto.