Sequestro, o crime da moda
O crime de extorsão mediante seqüestro virou moda em São Paulo e por esse motivo tenho ministrado muitos cursos em empresas e para algumas famílias que perceberam que a prevenção é o melhor caminho para enfrentarmos esse problema crônico.
O primeiro seqüestro ocorrido no Brasil deu-se no final da década de 60 e a vítima foi o Cônsul dos EUA, Charles Burke Elbrik. No ano seguinte o Cônsul Japonês, Nobuo Okushi, também foi feito refém e libertado em 11/03/1970. Em Junho desse mesmo ano, o embaixador da antiga Alemanha Ocidental, Ehrenfiels Von Holleben, também foi seqüestrado e dias depois libertado. Ressalta-se que esses crimes foram praticados com uma finalidade política.
Ocorre que, com a prisão dos seqüestradores que foram levados a cadeia e não colocados em celas separadas, passaram a ensinar essa nova modalidade criminosa aos bandidos comuns que se especializaram rapidamente.
Na década de 80, tivemos o primeiro seqüestro no Brasil, em 07/11/1986, de cunho financeiro, tendo como vítima o banqueiro Antonio Beltran Martinez. Logo em seguida sucederam-se vários seqüestros de vítima famosas, tais como: Luis Sales, Abílio Dinis, Roberto Medina entre outros.
No final da década de 90, os seqüestradores perceberam que as famílias responsáveis por grandes fortunas haviam tomado diversas precauções no tocante à proteção de seus familiares (Por exemplo: carros blindados, segurança armada, escolta permanente, rastreador via satélite, entre outros.) e por esse motivo foi mudado o perfil do seqüestrado. Eles passaram a ter como alvos, executivos de empresas, gerentes de banco e pequenos e médios empresários e comerciantes, os quais geralmente não possuem preocupação com a segurança de sua família, dando margem a atuação dos marginais.
Com isso o número de seqüestros aumentou consideravelmente e o valor do resgate diminuiu tremendamente. Podemos ultrapassar a casa dos 200 seqüestros, só nesse ano, em nosso Estado.
As vantagens dos seqüestradores são muitas:
1) Recurso financeiro: Normalmente eles cometem uma série de roubos contra empresas, lojas ou agências bancárias com o intuito de levantarem capital para o investimento no crime de extorsão mediante seqüestro. O custo para a realização se um seqüestro é alto, podendo chegar à casa dos cem mil reais;
2) Tempo: Os criminosos dispõem de muito tempo para localizar uma vítima interessante, planejar cuidadosamente a emboscada, o cativeiro e as demais estratégias;
3) Despreparo da vítima: Sempre digo em meus cursos que a prevenção é uma capa invisível que nos protege contra a criminalidade. Dificilmente uma família que tenha consciência de segurança e que invista em procedimentos de prevenção será alvo de seqüestradores ou até mesmo de assalto. Esperar acontecer o pior para tomar algum tipo de providência não é a maneira mais inteligente;
4) Elemento surpresa: Pessoas que não têm preocupação com segurança, normalmente são facilmente pegas de surpresa. O elemento surpresa é a arma principal dos seqüestradores e assaltantes.
Depois de milhares de anos, avançamos tanto que, enquanto trancamos portas e janelas antes de dormir, indígenas dormem em choupanas abertas, em completa segurança.
Dr. JORGE LORDELLO
Escritor Internacional
Pesquisador Criminal
Palestrante e Conferencista
Delegado de Polícia Licenciado
Consultor de Segurança
Apresentador do Programa Proteja-se
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