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Dicas importantes segundo experiências vivenciadas.

Policial legalista e a passividade da sociedade na luta contra a violência urbana

As redes sociais são um campo inesgotável de material para estudos e análise na área criminal, onde atuo como pesquisador e escritor há mais de 25 anos. Recentemente, navegando pelo Facebook, encontrei o perfil de uma moça com iniciais BHA, aparentando cerca de 25 anos, que fez o seguinte desabafo:

“Estava eu no ônibus indo encontrar meus amigos quando sentou um homem do meu lado. O ônibus não estava cheio, mas tinha algumas pessoas. Notei que a mão direita estava na calça e a outra segurava a mochila de uma forma que escondesse de quem passasse pelo corredor, mas sei lá, a gente lê e lê casos na internet, mas quando você ta passando por essa situação, sempre fica aquela dúvida, acha que não pode estar acontecendo, acha que está louca, etc. Demorei pra aceitar que ele tava se MASTURBANDO do meu lado com a maior cara de paisagem. Sério, que bosta, nojo, levantei a voz, expus mesmo, fiz escândalo, NINGUÉM no ônibus fez NADA pra ajudar. O cara levantou na hora pra fugir do ônibus, mas tirei foto dele na cara dele. Ele ficou com cara de cu o tempo todo não teve coragem de abrir a boca. Homem otário, nojento. Sério, não tenham medo de se levantar e se impôr por vocês, porque NINGUÉM mais vai fazer isso por vocês. Sério. O ônibus era o Largo da Pólvora – 715M 10, era umas 21h mais ou menos”.

Ela deixou claro que ninguém que estava no ônibus a ajudou ou pelo menos apoiou sua atitude. Esse é um dos motivos porque muita gente tem receio de denunciar bandidos.

O leitor pode estar pensando:

“Mas Lordello, você está pleiteando que as pessoas reajam a situações de crimes?”

A resposta é definitivamente “não”.

O que desejo levantar como discussão neste artigo, é a passividade de muitos em relação à violência urbana.

No caso em tela, tratava-se de “masturbador” no coletivo, ou seja, pessoa desarmada que perambula pelos coletivos com a finalidade de satisfazer sua vontade sexual, muitas vezes “encoxando” passageiras. A vítima, verificando que o oponente não estava armado, tomou atitude eficaz e decisiva para que a situação vexatória que vivenciava fosse interrompida. O malandro imediatamente se levantou e desceu na primeira oportunidade.

Com certeza, ingressou em outro ônibus para buscar outras vítimas.

Por outro lado, é importante que a sociedade saiba que os policiais, que arriscam suas vidas diariamente combatendo a criminalidade, têm imensa dificuldade de localizar testemunhas que auxiliem no processo de levantamento de provas contra autores de crimes.

No dia a dia do trabalho policial, o mais comum é a omissão; as pessoas não querem se envolver, não querem perder seu valioso tempo, não desejam testemunhar no distrito policial e muito menos no fórum.

Lamentavelmente, em boa parte dos casos onde a polícia prende em flagrante por prática de furto ou roubo de objeto de pequena monta, é comum as vítimas não terem interesse em levar à frente o caso, ou seja, após receberem seus pertences de volta, dizem não querer prestar queixa.

As desculpas são diversas, mas o que fica patente nas alegações, é a falta de vontade de colaborar com o trabalho policial, seja qual for a razão.

É o interesse pessoal prevalecendo ao interesse público; o individualismo sobrepujando o coletivo.

O mais curioso, é que essas mesmas pessoas bradam nas redes sociais que a polícia não deve prender e sim matar bandidos; transferem, assim, toda a responsabilidade para os servidores da área de segurança pública. Desejam que marginais sejam executados sem o devido processo legal, mas na hora de participar de auto de prisão em flagrante na Delegacia, muitos fazem de tudo para não ir.  Alegam que estão com pressa, medo de possível represália, não querem se envolver…

Mas será que essas mesmas pessoas, que, muitas vezes, agindo como verdadeiros justiceiros de filmes pleiteiam que policiais devem matar suspeitos de crime, desrespeitando, dessa forma, os ditames das leis, já organizaram, como seria de se esperar, movimentos nas ruas ou até mesmo na internet por melhores salários e valorização das carreiras policiais?

A resposta é um sonoro “não”.

O policial, quando acusado injustamente por bandidos por abuso de autoridade, tem que custear o pagamento de advogados para fazer sua defesa tanto na esfera criminal como na administrativa, pois corre o risco de ser demitido a bem do serviço púbico. Nessa hora, encontra-se sozinho, conta apenas com o apoio dos familiares, e, não raro, tem que se utilizar, para tanto, do dinheiro que seria destinado ao sustento dos filhos. Não me recordo de ter visto nas redes sociais a criação de “vaquinha” para ajudar policial nessa situação difícil. Por outro lado, a arrecadação virtual para angariar fundos para manter as despesas com advogados de políticos acusados de corrupção é recorrente e, normalmente, o resultado é bem superior ao pretendido.

Ninguém presta concurso público para ser assassino de criminosos, carrasco ou torturador.

Candidatos vocacionados buscam nas carreiras policiais atender o desejo de servir a comunidade, dentro dos ditames legais, e para tanto, recebem exaustivo treinamento prático e teórico em relação às leis penais vigentes. Portanto, bem sabem que em caso de injusta agressão sofrida ou para salvaguardar vida de terceiro, devem repelir na mesma dosagem o oponente, agindo, assim, em legítima defesa. Nesses casos, a morte do marginal está respaldada pela legislação.

Outra situação comum no âmbito da investigação policial, são vítimas que na hora de fazer reconhecimento do autor do crime que sofreram, por opção pessoal, acabam dizendo:

“Acho que não é ele” ou “Não tenho certeza”.

Mesmo se o policial, ao analisar o Boletim de Ocorrência, percebe que a descrição do autor do delito é idêntica à pessoa a ser reconhecida, tem que liberar o averigado, e é óbvio, que o crime vai ficar sem a devida elucidação. O resultado, é que o marginal, feliz por ter se livrado da prisão, deixa a delegacia pelo porta da frente e já começa a planejar quando e onde vai agir de novo e quem será sua próxima vítima.

JORGE LORDELLO
Pioneiro em Palestras “in company” sobre Segurança Pessoal e Patrimonial
Especialista em Segurança Pública e Privada
Palestrante e Conferencista
Escritor Internacional e Articulista com mais de 2500 artigos publicados
Pesquisador Criminal
Conhecida na mídia como “Doutor Segurança”
www.lordellotreinamento.com.br
jlordello@uol.com.br

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