Procedimentos inseguros que policiais da ativa jamais devem praticar durante o serviço e na folga
O Memorial dos Oficiais da Polícia Nacional em Washington/EUA homenageia policiais americanos que morreram no cumprimento de suas obrigações ao longo da história. O Fundo Nacional de Oficiais da Polícia foi criado pelo ex-representante dos EUA, Mario Biaggi, um veterano com 23 anos de polícia na cidade de Nova York.
A missão desse Fundo é gerar maior apoio público à profissão de polícia, registrando, permanentemente, e comemorando adequadamente o serviço e o sacrifício dos policiais, além de fornecer informações que ajudarão a promover a segurança na aplicação da lei.
A Fundação do Memorial dos Oficiais da Polícia Nacional promove também estudos visando orientar policiais da ativa sobre procedimentos seguros no cotidiano do serviço policial. Um dos capítulos fala dos erros cometidos por policiais que vieram a ser mortos em confrontos com a bandidagem. Assim, passo a expor de forma didática esse estudo, juntamente com as falhas de procedimentos mais comuns praticadas por policiais e guardas municipais no Brasil:
1) Desconcentração – Não carregue problemas pessoais para o trabalho, pois isso pode custar sua vida e a de terceiros. Concentre-se e tenha em mente que a qualquer momento poderá ser atacado, portanto, seja proativo.
2) Não se Arrisque Desnecessariamente – Sempre que a situação permitir, aguarde a chegada de reforço. Não seja corajoso a ponto de burlar os procedimentos padrões de segurança. Jamais aja sozinho em situação de alto risco.
3) Trabalhar Cansado Tira Reflexos – O trabalho policial exige atenção máxima. Para que isso ocorra, o policial não deve estar cansado ou sonolento, pois perderá reflexos importantes na hora do combate, expondo, sssim, não só sua vida como a de seus parceiros e outras pessoas.
4) Mal Posicionamento – Jamais permita que alguém que esteja sendo abordado ou detido o conduza para uma posição de desvantagem. Sempre esteja atento quanto a sua posição. Mantenha a vantagem. Cada atendimento é completamente diferente, cada abordagem é única em suas condições. Não caia na armadilha da rotina.
5) Desatenção – A falta de atenção faz com que o policial não enxergue a fumaça antes do fogo. Talvez a intuição seja a principal arma de defesa do policial, mas para que o aviso do subconsciente chegue, deve estar atento ao que acontece a seu redor. Cada detalhe, cada movimento diferente, qualquer situação que saia da normalidade é de suma importância para observação e detecção de possível perigo. Utilizar o celular em serviço para assuntos pessoais pode se tornar erro fatal e, infelizmente, é o que mais temos visto na segurança pública e na segurança privada.
6) Não Observar as Mãos do Suspeito ou Detido – Nunca se sabe a reação que terá uma pessoa perseguida ou detida pela polícia. Portanto, foque atenção nas mãos do marginal, pois ele pode estar planejando pegar algum objeto ou sua própria arma para te ferir ou matar. Relaxamento Antes do Tempo – Enquanto o criminoso não estiver em uma cela, jamais relaxe. Não é porque o suspeito está algemado ou dentro da viatura que não pode investir contra você ou tentar fugir.
7) Não Permita que Pessoa Detida tenha Contato com Parentes/Amigos – Qualquer tipo de conversa deve ocorrer apenas no Distrito Policial e de preferência quando o detido estiver na cela.
8) Não Faça Favor Solicitado Pelo Preso – O policial deve ter em mente que o elemento detido pode desejar fugir, e o melhor momento é antes de chegar na delegacia. A experiência diz que policial não deve atender pedidos da pessoa detida, pois ele pode estar tentando armar uma emboscada. Presos tem vários direitos garantidos pela legislação e devem ser cumpridos no Distrito Policial, onde os ânimos são menos acirrados e o local apresenta mais segurança que na via pública, por exemplo.
9) Deixar de Usar Algemas – Não é possível saber a reação de uma pessoa que será conduzida ao Distrito Policial; o que está passando na mente do marginal que está sendo autuado em flagrante. Portanto, as algemas somente devem ser retiradas quando o preso estiver prestes a entrar na cela. Três são as finalidades no uso de algemas: garantir a segurança do preso, pois alguns podem atentar contra a própria vida(suicídio; a do do policial e a segurança social, assim entendida como a condução do detido, sem incidentes, à presença da autoridade policial ou judiciária responsável. Passo a passo para algemação segura, de acordo com procedimentos americanos:
a) Coloque o detido de costas.
b) Mande afastar as pernas, deixando-as bem abertas.
c) Oriente o detido é colocar os dedos polegares para cima; com isso ficará com as mãos espalmadas para fora.
d) Peça para o suspeito inclinar o dorso mais para frente, pois a intenção é tirar seu equilíbrio.
e) Em seguida diga: “Não mexa sua cabeça e não olhe para trás”.
f) Para finalizar, segure com uma das mãos os dois dedos polegares do detido, pois assim ele estará totalmente imobilizado. Em seguida coloque as algemas.
10) Revista Inadequada: O policial deve ter em mente que um marginal perigoso pode esconder arma de fogo, arma branca ou objeto cortante/perfurante em diversos lugares do corpo. Não se pode ter preguiça ou desacreditar em uma possível reação do suspeito detido.
11) Arma Suja ou Inoperante – A arma do policial deve estar limpa e em plena condição de uso. A munição deve ser original e estar dentro do prazo de validade. Qual o sentido de portar arma de fogo se não se sabe se funcionará quando mais se precisar?
12) Frequentar na Folga Lugares de Risco – Muitos policiais foram mortos por estarem em botecos, bailes e casas noturnas em regiões periféricas, frequentados por marginais e clientes que abusam do uso de bebidas alcoólicas. O policial, quando não está em serviço, deve escolher bem os lugares que frequenta para não se expor a risco desnecessário.
13) Exposição da Profissão e Vida Pessoal – Alardear sobre a atividade policial para terceiros, principalmente nas redes sociais, é exposição totalmente desnecessária e perigosa. Pior ainda quando são exibidas informações do local de moradia, veículo, locais que costuma frequentar e familiares.
14) Exibição Desnecessária de Arma de Fogo na Folga – Está equivocado quem imagina que bandidos se intimidam ao perceber que policial a paisana está armado. Inúmeros casos mostram que criminosos perambulando pelas ruas ao descobrirem que alguém está portando arma de fogo e que possivelmente seja policial, partem para o ataque com o intuito de subtrair o armamento, que vale muito dinheiro no meio da malandragem. Fora de serviço o porte da arma de fogo deve ser discretíssimo, pois a intenção é que ninguém desconfie de sua identidade profissional ou o confunda com bandido.
JORGE LORDELLO
Pioneiro em Palestras “in company” sobre Segurança Pessoal e Patrimonial
Especialista em Segurança Pública e Privada
Palestrante e Conferencista
Escritor Internacional e Articulista com mais de 2500 artigos publicados
Pesquisador Criminal
Conhecida na mídia como “Doutor Segurança”
www.lordellotreinamento.com.br
jlordello@uol.com.br